terça-feira, 17 de maio de 2016

MOEDA PARALELA
QUE ACABOU COM A INFLAÇÃO
NÃO É CRIAÇÃO DA EQUIPE
ECONÔMICA DE FHC 
“Se o círculo vicioso é autoalimentado, não há como transformá-lo em círculo virtuoso. A não ser que se inicie um novo processo, paralelo, que o absorva.”
Depois de um endividamento sem limites que desembocou na fraude apelidada de “Milagre Econômico” feita sob medida para prolongar a vida da ditadura militar em seu período mais cruel – os dez anos do AI5 (dezembro de 1968/1978) – tivemos as experiências de Sarney, Collor, e Itamar, comandadas pelo mesmo time de economistas que lançou o “Plano Real”. Se eles conhecessem o “pulo do gato” ou “o caminho das pedras” teriam feito antes.
A diferença entre a implantação da nova moeda, com as anteriores (além do nome) está num detalhe copiado de uma sugestão que enviei ao presidente Itamar Franco no início de 1993, quando sugeri o lançamento de uma MOEDA PARALELA na forma de TÍTULO DA DÍVIDA PÚBLICA com o valor equiparado a 1 (um) grama de ouro, que seria oferecido a todos os cidadãos, em uma campanha cívica de combate à inflação. 
Se o “mercado” quisesse poderia participar. Mas a proposta era trocar de credores. Ao invés de banqueiros e especuladores internacionais, teríamos o povo brasileiro.

PROJETO CRUZOURO 
Havia o exemplo da Argentina que reduzira o crescimento da inflação dolarizando sua moeda oficial. E pensei: “se a inflação na Argentina está controlada através da dolarização da moeda oficial, como uma MOEDA PARALELA, o Brasil pode fazer o mesmo sem se curvar às exigências do Fed (e como fede!)”.
Mas para isso, seria necessário um período de maturação, e uma ampla campanha de esclarecimento, visando à reeducação do brasileiro no sentido de fazer poupança. Sugeri, então que, durante UM PRAZO INDETERMINADO o Governo brasileiro emitiria Títulos do Tesouro Nacional com valor determinado em um grama de ouro, que chamaríamos de CRUZOURO, e os colocaria ao alcance de todos os brasileiros através dos bancos oficiais.
Inicialmente convocaríamos todos os cidadãos que tivessem reservas financeiras a ADQUIRIREM CRUZOUROS. E numa segunda etapa o governo converteria em CRUZOURO os saldos nos bancos e nas cadernetas de poupança.
O mesmo com relação aos impostos e toda a contabilidade oficial.
Com uma boa campanha publicitária a economia iria se adaptando, e logo o mercado estaria usando o Cruzouro como referência para os preços de produtos e serviços. E não demoraria muito para que o Cruzouro (Título do Tesouro) fosse transformado em MOEDA PARALELA ao mesmo tempo em que o inflacionado Cruzeiro fosse abandonado. 
O que a equipe econômica do Ministério da Fazenda fez foi APROVEITAR a minha proposta de uma MOEDA PARALELA e “criar” (sic) a URV com valor unitário equiparado a um dólar. Além de ter o cuidado de AVISAR AO MERCADO que ela se transformaria em MOEDA CORRENTE UM ANO DEPOIS, dando tempo para que ele, o “mercado”, se “adaptasse”. Melhor dizendo: se PROTEGESSE DE QUALQUER PERDA FUTURA. Exatamente o que eu queria evitar. Afinal, se houvesse perda, que fosse para todos.
E não foi por outro motivo que Itamar Franco, que já conhecia meu projeto, relutou em adotar a proposta que PROTEGIA o sistema financeiro.

CRUZOURO X URV 
No dia 1° de Março de 1993 – quando o presidente Itamar Franco recebeu a minha sugestão e encaminhou para o Ministério da Fazenda – um grama de ouro valia Cr$ 180.400,00 e o salário mínimo Cr$ 1.250.700,00. Ou seja: Um salário mínimo comprava 6,93 gramas de ouro. 
Em julho de 1994 com a implantação do Real o Salário mínimo passava para R$ 64,79 enquanto o grama de ouro custava R$ 11,424. Ou seja: um salário mínimo comprava 5,6 gramas de ouro. O trabalhador já começava perdendo, enquanto os banqueiros...
No final de 2002, com o ouro custando R$ 38,90 e o Salário Mínimo R$ 200,00 o poder de compra do trabalhador havia se reduzido ainda mais: com um salário mínimo comprava-se apenas 5,1 gramas de ouro. 
Hoje (16 de maio de 2016) um grama de ouro vale R$ 142,00 e o Salário Mínimo R$ 880,00, ou 6,19 gramas de ouro.
Ou seja: Se ao invés da URV, a equipe econômica de FHC tivesse aceitado a proposta de implantação do CRUZOURO quase não teríamos tido inflação. Enquanto que o SALÁRIO MÍNIMO TERIA SE VALORIZADO.

M. Pacheco.

NOTA:
Tenho cópia das cartas que enviei com a sugestão de criação do CRUZOURO e do AVISO DE RECEBIMENTO ASSINADO POR ITAMAR (NÃO SEI SE O PRÓPRIO).

Tenho carta enviada pela SECRETARIA DE POLÍTICA ECONÔMICA DO MINISTÉRIO DA FAZENDA acusando o recebimento da minha sugestão ENVIADA EM 01/3/1993 informando que “o referido documento foi encaminhado aos setores competentes desta Secretaria para estudo das idéias apresentadas”.
Tenho também telegrama enviado pelo Secretário de Itamar Franco (MAURO DURANTE) com o seguinte texto:
"POR RECOMENDAÇÃO DO EXMO SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA, ACUSO O RECEBIMENTO DE SUA CORRESPONDÊNCIA DATADA DE 01/03/93. INFORMO QUE O ASSUNTO FOI ENCAMINHADO À SECRETARIA DO PLANEJAMENTO, POR AVISO N. 0150/SG/SDH, DESTA DATA. OUTROSSIM, COMUNICO QUE A REFERIDA SECRETARIA O INFORMARÁ DIRETAMENTE DAS PROVIDÊNCIAS ADOTADAS. CORDIALMENTE, MAURO MOTTA DURANTE MINISTRO-CHEFE DA SECRETARIA-GERAL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA”.
REMETENTE
T611451
ASSINANTE TELEX

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